quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

“Palito e Botijão” estreou na praça do Teatro Municipal de Ilhéus em Fevereiro

Novo trabalho da Cia de Teatro Mistura em parceria com a Trupe Teatro Sem Fim com Edy Paixão e Gilberto Morais, esses dois estrearam no dia 13 de Fevereiro, na praça em frente ao Teatro Municipal de Ilhéus, às 17 horas a peça “Palito e Botijão – Os Reis da Rua”, espetáculo de palhaços com estrutura de rua. E no dia, 12, um dia anterior, acontecerá a pré-estreia do trabalho na Associação Centro Educacional de Ação (ACEAI), no Nossa Senhora da Vitória, também no mesmo horário. No mês de março está sendo planejada uma produção para a circulação do espetáculo pelas escolas particulares, estaduais e municipais de Ilhéus e também na região Oeste da Bahia. 
A peça nasce da parceria dos atores clowns, Ed Paixão (Trupe Teatro Sem Fim), e Gilberto Morais (Cia. de Teatro Mistura), veteranos na arte local, que através de um processo de pesquisa de imersão e aprofundamento do jogo clássico entre o Branco e o Augusto, o inteligente e o atrapalhado, trazem para a cena, um espetáculo com o humor nosense da década de 20, do século passado, com gags e reprises inspiradas na famosa dupla “O Gordo e o Magro” com toda uma contextualização para os dias atuais, bebendo muito da identidade local da terra do cacau.
O Branco e o Augusto são dois arquétipos importantes para o universo teatral e circense. O primeiro é inteligente, harmônico, gracioso e belo (O gordo). Ele é tido como a voz daquilo que se deve fazer, daquilo que a sociedade reconhece. O segundo, é a criança e o animal que não sucumbe ao “status quo” e que se rebela ao ver a perfeição (O magro). Esta relação, no entanto, não é como o bem e o mal ou o ying e yang, e sim uma relação dialética, onde a autoridade é sempre questionada. O patrão é o Branco e o proletário é o Augusto. A função social do clown está inserida numa discussão de tese e antítese, pois ele denuncia as angústias e as debilidades da sociedade em que está inserido, como explicito numa cena do filme do Gordo e o Magro, onde eles carregam uma arma de destruição em massa dentro de uma mala de couro, exemplificando a racionalização do mal e a banalidade da guerra.
“Eu e Ed, trabalhamos juntos pela primeira vez na proposta do “Clube dos Palhaços” no início de 2018, na Tenda TPI, que era um processo de experimentação, de muito improviso, com um roteiro pré-definido de ações, mas sem a obrigatoriedade da criação de diálogos para serem memorizados, e analisávamos muito o que funcionava no resultado de cada intervenção, o que era aproveitável, ou descartável, no fluxo de energia gerado entre os artistas e o público. Como desfecho, sentimos a necessidade de montarmos um espetáculo com um texto dramatúrgico, e usando como base as experimentações realizadas dentro do clube, com uma história bem amarrada, onde a diferenciação do jogo do Branco e do Augusto ficassem bem ressaltadas, e só agora nos meses de janeiro e fevereiro conseguimos fazer isso se tornar realidade, por meio de uma agenda de ensaios consolidada de segunda a sábado, o que gerou a fluidez de um trabalho bem artesanal, focado nos mínimos detalhes. A professora e palhaça, Bete Dorgam, sempre destacou, que a gente não escolhe o palhaço da gente, a gente simplesmente percebe como ele é e vai aos poucos convivendo com ele. Você nasce com teu palhaço, vive com ele, e morre com ele. Ele vai embora com você. Ele é intransferível. A cada trabalho a gente busca aprender com ele e evoluir com sua generosidade e humildade com a plateia na arte do riso. Nesse trabalho específico pontuamos o jogo de peteca dos arquétipos com o esqueleto de desenho animado, onde os papeis se invertem em algumas cenas. Então o “Gordo” também será um “Augusto” em determinado momento da peça e o “Magro” será o “Branco”.” Explica Gilberto Morais.
A peça tem classificação livre para todas as idades e a garantia do deslumbre de um humor genuíno e clássico da nova década de 20. A peça tem apoio do espaço ACEAI, do Observatório Astronômico da UESC, e do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães.
ED PAIXÃO
É ator e diretor técnico de espetáculos do estado da BA, DRT 3691, com duas indicações ao prêmio Braskem, o oscar do teatro baiano, pelas montagens do “Santo e a Porca” da obra de Ariano Suassuna, e “O Grande Yorick” de sua autoria. É autor do livro “A Resistência do Clown na Dramaturgia” e segue em processo de formação acadêmica em Ciências Sociais pela UESC. Atualmente segue na direção da Trupe Teatro Sem Fim.⠀⠀
GILBERTO MORAIS
É psicólogo, ator, palhaço e diretor do grupo de Teatro Mistura.  É um dos nomes responsáveis pela REDE de Teatro do Velho Chico no Oeste e Sudoeste do Estado. Em seus trabalhos recentes montou e circulou com o monólogo “Carranca – Da proa do barco para o palco” de sua autoria. Atualmente foi convidado para fazer parte da equipe do grupo Teatro Popular de Ilhéus como ator e mediador cultural, participando das últimas montagens do TPI, que fizeram parte da programação do Festival de Artes em Frankfurt na Alemanha. 
PS: Ambos em momentos diferentes trabalharam como coordenadores culturais do projeto Escolas Culturais do governo do Estado da Bahia com grande repercussão e efervescência cultural dentro das escolas.⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
FICHA TÉCNICA
ELENCO: Ed Paixão e Gilberto Morais
DIREÇÃO: Coletiva
ROTEIRO: Ed Paixão e Gilberto Morais
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Larissa Paixão
CONCEPÇÃO DE FIGURINO: Ed Paixão e Gilberto Morais
CENOGRAFIA: Ed Paixão, Gilberto Morais e Larissa Paixão
SONOPLASTIA: Larissa Paixão
APOIO: ACEAI, Observatório Astronômico da UESC e Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães