sexta-feira, 18 de setembro de 2015

BJRF - Bom Jardim Rock Festival

O músico e ator da Cia de Teatro Mistura, Danilo Banga, junto com um grupo de amigos criaram o Bom Jardim Rock Festival, que teve sua primeira edição em 2014 em Ibotirama Bahia. O objetivo era realizar encontros de bandas de Rock’n’roll no interior do estado, possibilitando a juventude um espaço de entretenimento e arte através da música, poesia e atitude. E com este festival o grupo de amigos dinamizaram a praça do coreto, centro da cidade de Ibotirama com muito Pop ao Punk, do Indie ao Metal e arte em geral sem restrições. Depois desta iniciativa o número de pequenas bandas de garagem vem crescendo a cada dia, pois agora, os músicos têm espaço para mostrar a produção, ensaios e fazer o intercambio no Velho Oeste Baiano.
Na primeira edição o BJRF contou com apresentações de sete bandas do oeste do estado da Bahia. As bandas locais que apresentaram foram banda Corujão, Cidade de Ferro, Dona Inocência e Audirado, e também teve bandas de outras cidades Nobres Companions, Termo Box de Vitória da Conquista e Vômitos de Barreiras. Além de shows o evento contou com feira rock, exposição de grafite e pista de skate, sorteio de uma guitarra e outro brindes.
Na II edição do BJRF - Bom Jardim Rock Festival contará com apresentações das bandas locais Corujão, Dona Inocência, Cidade de Ferro e bandas de outras cidades como Fernando Tourinho de Paratinga e Xi Drinx e As Aberrações da cidade de Barreiras.
Todo projeto artístico envolvendo shows musicais tem um custo financeiro muito alto, e umas das dificuldades que Danilo Banga e seus amigos encontram em realizar a 2ª EDIÇÃO DO BJRF é conseguir parceiros que acredite nesta intervenção artística. Não é nada fácil convencer as empresas privadas, a apoiar este tipo de evento que envolve um público pequeno na área cultural nas cidades do interior da Bahia. É bem complicado, pois os pequenos e grandes empreendedores e a maioria das empresas prefere apoiar eventos de massa como (micaretas fora de época e blocos) que não tem nem um objetivo social para contribuir com o processo de transformação da sociedade. E para poder realizar este evento com qualidade, a equipe utiliza-se de alguns jargões. Essa galerinha do BJRF “tira leite de pedra” e “Faz das tripas corações” para poder colocar em prática um projeto/evento que mobiliza e beneficia um público de mais 300 jovens e mais de 05 bandas locais e regionais. Este pequeno grupo encontra nas letras do rock o alerta para os jovens.
E a equipe insiste em realizar o evento por que é uma das poucas oportunidades que as bandas de rock do interior têm para mostrar seus trabalhos, nas palavras do musico Danilo Banga “Eu só quero mostrar o som da minha banda” e assim ele se expressou. E Danilo Banga e seus amigos fez este sonho se tornar realidade.

Para esta edição o evento conta com apoio cultural Secretária Municipal de Cultura de Ibotirama, Morais Design e a Cia de Teatro Mistura.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Ciclo vital e artístico do Ator e Poeta Ananias Serranegra

Fotografia de Anderson Soares, gravação do filme maçãs de Jarbas
Artística Ananias Serranegra tem sua história cravada no território velho Chico, especificamente na comunidade de Brejinhos da Serranegra (cidade de Oliveira dos Brejinhos - Bahia), desde menino, pessoas como vizinhos, amigos, colegas de escola, já começavam a perceber nele, traços artísticos ainda não apurados.
A vida segue...  E Ananias Serranegra, começa a ter contato com a arte, sai da comunidade interiorana, já citada, e sem caminhos traçados vai para cidade de Ibotirama - Ba. Logo, então, com 14 anos de idade tem o seu primeiro contato com a veia artística musical, sustentado pelo professor orientador e músico Edinei de Carvalho, o jovem sobe aos palcos tendo como instrumento precursor o saxofone no festival de música popular de Ibotirama (FEMPI) ao lado de artistas reconhecidos na cidade, destacando-se, e sendo eleito pelo júri eleito como artista revelação.
Em suas descobertas, o jovem negro, foi convidado pelo arte-educador Aliomar Pereira, precursor do teatro no território Velho Chico, para que ele tivesse o primeiro contato com o Grupo de Teatro Mistura, pois, segundo o teatrólogo, via nele um conjunto de potencialidades artísticas soltas ao vento. – “Vamos lá!”, foi a primeira frase proferida, ainda que titubeante. Passa então a conviver com o grupo, experimentando todas as ferramentas do teatro, com jogos teatrais, exercícios e estudos com os dramaturgos da história. E ele se pestanejar começa a degusta o sabor visceral do teatro.
O laço do experimento no teatro lhe rende bons personagens nos espetáculos que foram produzidos pela Cia de Teatro Mistura ao longo de uma investigação e pesquisa estética, foram eles: “História em um camarim”; “A poluição vai a júri popular”; “A chegada de Lampião no Céu e no Inferno”, “O auto da camisinha”; “Sempre um muro”; e “As lendas do Velho Chico”. Junto com a companhia de teatro Ananias esteve em todos as viagens de intercâmbios teatral circulando por diversas cidades do Estado da Bahia, as quais podemos citar: Ibotirama, Muquem do São Francisco, Paratinga, Oliveira dos Brejinhos, Irecê, Serra do Ramalho, Jequié, Luís Eduardo Magalhães, Brotas de Macaúbas, Bom Jesus da Lapa, Macaúbas, Caetité, Seabra, Barreiras e na Capital da Bahia Salvador. O ator veio para este grupo inquieto, com interesse na buscar incessante de novos conhecimentos, através da linguagem artística do teatro que faz uma correlação com tantas outras linguagens como a música, literatura, artes visuais, áudio visual com teatro documentário entre outros.
A Cia de Teatro Mistura, propõe para o ator Ananias Serranegra ir ser o representante do grupo num processo de formação e qualificação na área das artes cênicas em outro município pelo projeto do RETRATE INTERIOR IV – Requalificação dos Trabalhadores do Teatro, curso de Teatro com 240 horas/aula com teoria e prática, o curso aconteceu na cidade de São Desidério promovido pelo SATED- Ba (Sindicato dos Artistas Técnicos da Bahia).
Dentre as várias possibilidades artísticas que o ator se envolveu durante este tempo com o grupo, ele descobre então a lírica poética com a proposta de (re) construir conceitos, indo de encontro com seu som interior. Aos 15 anos, nas noites isoladas tem-se o primeiro contato com o lápis, começa a compor suas poesias, interpretando-as e interpretando também poesias de outros poetas. Foi premiado como melhor intérprete e ficando nas primeiras colocações dos festivais, em sua terra, Ibotirama.
Atento a conjuntura política e social, o ator Serranegra, abarca, quase sempre, a temática homoafetiva, identidade de gênero e orientação sexual. Construindo um espaço de debate através de suas performances poéticas, questionando e levantando a bandeira contra o machismo, heterossexismo e LGBTfobia. Carregando sua arte performática e (des)construidora para seminários, fóruns de debates, recitais poéticos, shows e outros espaços, sempre com a imagem do corpo subalternizado contrapondo os pensamentos heteronormativos. Nesta mesma vertente, é modelo fotográfico do projeto “Experimentando” da fotografa e produtora audiovisual Crisna Imhof, projeto de ensaio fotográfico artístico em cenas externas (ruas, avenidas, etc.), na perspectiva de um novo olhar para o corpo estigmatizado e marginalizado.
Congruente a esses anseios e propostas de trabalho, se dedica, atualmente, a construção do seu espetáculo solo Órfão Confesso - Monólogo de um folego só”, texto autoral, que tem por base o poema “Confissões de Orfandade”, também de sua autoria, onde retrata a dura realidade vivida por uma  transsexual nas noites, mergulhando no seu interior, muitas vezes melancólico e mórbido, retratando as dificuldades e alegrias enfrentadas por ela, tendo no seu âmago a prosa poética, retirando das tristezas belas poesias. A direção do espetáculo fica por conta de Rafaella Madalena e Crisna Imhof, duas jovens artistas, ansiosas por novas linguagens teatrais e novas possibilidades de artes. O espetáculo está em processo inicial de montagem, tendo como data prevista de estreia em Março de 2016.  
Recentemente, teve a ousadia de também adentrar o mundo da sétima arte (o cinema), na média metragem do diretor Jarbas Éssi, que está em processo de finalização, filme curta metragem “As Lendas do Velho Chico” – documentário da Cia de Teatro Mistura sobre direção de Gilberto Morais, teve apoio do projeto Faz-Filmes. Com toda essa turbulência artística, Serranegra ainda encontra tempo para se dedicar a sua formação acadêmica, o qual é licenciando em Letras Vernáculas pela Universidade do Estado da Bahia, curso este, que muito contribui para seu crescimento artístico e humano. Ao término deste ciclo universitário pretende fazer o curso de artes cênicas profissão que quer para sua jornada vital.
Notamos que Ananias é um artista muito jovem e a arte adentrou em sua vida de uma forma inesperada e muito intensa, e é assim que pretende continuar. Alcançando novos caminhos e possibilidades, e é com muito orgulho que a Cia de Teatro Mistura o tem em seu elenco.