A CTM
recebeu nesta terça feira 23 de setembro 2014, uma crítica do ator e diretor
Felipe Breunig da Cidade de Luís Eduardo Magalhães, ele que é do Grupo CEPAC -
Centro de Experimentação e Pesquisa em Artes Cênicas. Felipe esteve na praça de
sua cidade e assistiu o espetáculo “A chegada de Lampião no céu e
No inferno”
e escreveu uma crítica confiram abaixo.
No último
dia 18, assumi junto ao amigo teatreiro Júlio Delfino (ator/diretor –
Grupo Teatral Resistência), o compromisso de escrever algumas palavras sobre a
peça teatral “A chegada de Lampião no céu e no inferno”, montagem da Cia de Teatro
Mistura, aquela “das barrancas são franciscanas (...) filhos de
Ibotirama!”, como assim nos bem apresenta Joilson Melo na primeira página do
bem elaborado programa da peça. Buenas, não poderia começar de outra forma
que não fosse justificando o emprego do substantivo “espetáculo”, no título
desta, através de um adjetivo que também cumpra a difícil função de resumir a
apresentação assistida: ESPETACULAR! Quando, ao final da apresentação, o
diretor da peça me questionou sobre minha opinião acerca da montagem, e pediu
que tecesse críticas construtivas, o respondi sinceramente que não poderia o
fazer naquele momento, pois ainda me encontrava em êxtase com o que havia
assistido (com prazer). Confesso, teria sido ainda mais mágico não fosse o
palco (neste caso), pois nós gostamos mesmo é da rua não é?! Os desafios, os
percalços, a aproximação, a bagagem que nos trás a rua, o chão... Os problemas,
ah, os problemas (que é justamente o que procuramos com o teatro, os problemas
buscando solução, o incômodo que desejamos causar). Mas isto nós dois
concordamos, rs. E falando em problemas, aproveito para elogiar, assim que
exigidos pela plateia, os improvisos por parte do elenco. Foram suficientes,
precisos, com boas doses de humor e ousadia. Ao parceiro Gilberto
Morais Gesse Junior, estendo desde já meus cumprimentos pela direção
artística. Percebo que com todo o cuidado e carinho atingiste um resultado
muito positivo. Tiveste um cuidado exemplar com as marcações, tomaste o cuidado
necessário na construção das pontes entre produção musical – coreografias –
elenco – laboratórios. Senti um carinho enorme com a obra dramatúrgica, na
relação com as personagens e, principalmente, com o teatro... E como é gostoso
sentir isto! Cumprimento
também: Diego
Quinteiro, pelo belo trabalho realizado na direção de elenco,
acertadíssimo. A função de oficineiro teatral, também executada por ti, me
parece muito bem alinhada com o resultado final, parabéns! Gerri Cunha foi
muito feliz na direção musical. A música, bem como os efeitos sonoros AO VIVO,
serviu muito bem ao espetáculo. Mas não foi só complemento, foi parte. Parabéns
sanfoneiro! Jurandyr
Myranda, as coreografias estavam “redondinhas”, movimentos
executados com beleza e cumplicidade. Gostei! Parabéns! Dramaturgicamente
falando, me reservo a elogiar somente o que vi no palco, uma vez que não
conheço a obra escrita. Se eu não estiver enganado, terei percebido a inserção
de bons “cacos” no texto e também de piadas prontas que adaptam-se aos
diferentes locais visitados. No geral, gostei muito da obra, mas devo dizer que
o que mais gostei mesmo foram alguns momentos – e foram vários – de
“provocações” e “tiradas” ousadas e muito, muito bem humoradas acerca de
figuras, às vezes, intocáveis. O céu e o inferno viraram uma badalada festa e
eu adorei fazer parte dela. Sobre a atuação, há coisas que posso e outras
que não posso falar. Posso falar que gostei, gostei bastante. Vi um elenco
afinado, atores/atrizes que levaram a sério o trabalho de construção das
personagens e que trouxeram à cena os mesmos. Não posso falar sobre o talento
individual ou sobre o que foi interiorizado por cada um das vontades da
direção, pois, em minha opinião, uma sessão é pouco para isso. Porém, não teria
nada ruim a falar não. Todos os personagens foram muito bem construídos. O
que NÃO POSSO DEIXAR DE FALAR é que conheci o “Jesus” mais “cool” que já tenha
visto por aí. Um “Lampião” fantástico, nos sentidos literais da palavra. E o
“Diabo” (“baitola”, aos gritos bradam do camarim), genial. Extravagante sem se
tornar estereótipo. Adorei. “São Pedro” tirando selfie e, posteriormente, não
querendo ser incomodado por estar no whats app foi ótimo. Ao que Lampião
esbraveja: “essa desgraça chegou até aqui”. Ráá! UMA COMÉDIA DELICIOSA!
Enfim,
cumprimento em nome de todos os envolvidos – direções, coreografia, produção,
elenco... – a Cia. De Teatro Mistura pelo belo trabalho. Funções cumpridas com
êxito!
Saudações
teatreiros! E um salve à Companhia Mistura.